No meu barco à vela, velo
a noite inteira.
Longe de mim, longe da beira
Longe, tão longe... no Universo paralelo
Eu fico a cismar em tudo e nada
Entenebrecida pela mão fria da tardança
É com uma raiva ruiva que acendo a esperança
Mas nunca se faz alvorada.
Longe, tão longe... Onde é que vou parar?
A minha prece passou a ser ruído
O meu sonho bem-regado, regido
Pelo dilúvio que me confundiu com o mar.
Ninguém me substima mais do que a mágoa.
Estou sôfrega de respirar a vida
E, nesse anelo, anulo cada lágrima chovida
Que me vem encher de água.
Amar perdidamente? Digo-te os porquês...
Porque dá rumo e rima ao meu barco que um dia
Salvo e ancorado com um Lais de Guia
Volte à costa onde pisam os teus pés.
Porque nada é pior do que uma história inconclusa
Dos amantes que em si ainda guardam os lampejos
Um rosto a rasto que tanto quer os teus beijos
Mas que, tendo medo de chorar, os recusa.
Porque acreditar não é um ato cego
Quando mesmo 'só pode ser Deus'
Porque um amor santo eu sinto nos braços teus
Uma casa descortinada de aconchego.
Porque mergulho nessa emoção de seda
Como o cabelo cai sob um livro de magia
Um livro de amor que eu tanto lia
A nossa história, eternamente lida e leda.
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