Saturday, 27 September 2025

No meu barco à vela, velo 

a noite inteira.

Longe de mim, longe da beira

Longe, tão longe... no Universo paralelo


Eu fico a cismar em tudo e nada

 Entenebrecida pela mão fria da tardança 

É com uma raiva ruiva que acendo a esperança 

Mas nunca se faz alvorada.


Longe, tão longe... Onde é que vou parar?

A minha prece passou a ser ruído 

O meu sonho bem-regado, regido

Pelo dilúvio que me confundiu com o mar.


Ninguém me substima mais do que a mágoa. 

Estou sôfrega de respirar a vida

E, nesse anelo, anulo cada lágrima chovida 

Que me vem encher de água.


Amar perdidamente? Digo-te os porquês...

Porque dá rumo e rima ao meu barco que um dia 

Salvo e ancorado com um Lais de Guia 

Volte à costa onde pisam os teus pés.


Porque nada é pior do que uma história inconclusa

Dos amantes que em si ainda guardam os lampejos 

Um rosto a rasto que tanto quer os teus beijos 

Mas que, tendo medo de chorar, os recusa.


Porque acreditar não é um ato cego

Quando mesmo 'só pode ser Deus'

Porque um amor santo eu sinto nos braços teus 

Uma casa descortinada de aconchego.


Porque mergulho nessa emoção de seda 

Como o cabelo cai sob um livro de magia 

Um livro de amor que eu tanto lia

A nossa história, eternamente lida e leda.

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