Monday 15 July 2013

Origâmi tumular



Porque é que morreste?
A Cassiopeia desceu ao meu colo
com uma consciência discreta.
E depois susurras...
Não quero compreender.
Compreender é fazer com que seja compreendido
quando a verdade que não é
se faz de compreender.
A tua Morte plantou uma tristeza profunda.
Reincarnada. Encarnada;
Como o sangue que circula.
Sinto o ar a desmaiar
debaixo do papagaio de papel
desfraldado pela mão fina de uma criança;
Como o meu sonhar,
ele está cada vez mais perto do chão...
Cai, rompido,
à verdade extraviada que o amortece,
emaranhado na corda que o segurava,
comprida demais,
que, dentro dos séculos,
perdeu o fio à meada.
Porque é que morreste?
A Cassiopeia desceu ao meu colo
com uma gargalhada louca...
Veio buscar-te, ó insensatez!
Quem me dera a noite ter boca
p’ra poder contar quem és!